terça-feira, 12 de junho de 2007


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À noite, ao dormir, sonhava com os símbolos. Via-os vivos, como se fossem entidades de um mundo fantástico, que conversavam com ele, contavam-lhe histórias, formavam arranjos, anagramas, tudo colorido, tudo maravilhoso, brilhante, vibrante... Dançavam diante de seus olhos atônitos e fascinados. No outro dia de manhã estava cheio de novas idéias, e jogava-as nas telas sem dó e piedade! O velho já tinha em seu depósito uma coleção de umas mil e tantas telas de Tim...
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E por falar no velho, ele continuava trabalhando no plano de tornar aquele jovem artista no maior gênio da arte moderna! Já havia escolhido grupos de telas para realizar exposições por todo o Brasil, já havia fotografado todas, já pesquisava gráficas para produzir catálogos, convites. Já havia conversado com os donos de dez hotéis brasileiros... No meio artístico, no mundo dos leilões e dos investimentos em artes, sussurrava-se pelos cantos sobre um novo pintor que estava para despontar a qualquer momento na mídia!
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Tim nem suspeitava dos arranjos do velho... Trabalhava em suas telas como uma máquina inexorável, incansável. Era jovem, cheio de energias... E pintava, pintava, pintava... E o velho levava as telas rapidamente, mal dando tempo para Tim apegar-se a elas... Mas Tim fotografava todas, jogava-as no seu computador e de vez em quando ficava horas olhando-as com muita atenção para não repetir os próprios quadros.
De vez em quando o velho marchand vinha até o atelier e Tim aproveitava para fazer-lhes perguntas.

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